quinta-feira, 28 de abril de 2011

Como deves matar-me

      Um dia irei passar a tarde toda num jardim e com um saco bem grande vou colher todas as rosas que eu puder, chegando em casa, vou encher de pétalas os lugares por onde caminhas quando adentras em nosso lar, fazendo-te percorrer o caminho até a vossa cama no quarto, aquela cuja nos faz cair adequadamente no pecado lindo em que os arrepios são constantes, chegando lá, tu encontraras uma mulher apaixonada, completamente entregue a ti, esperando seu olhar em ressaca contra os meus olhos apreensivos e transbordando delicadamente um tom vermelho.
       Teu sorriso incandescente que querendo não totalmente querer acabou por me hipnotizar. Teus lábios estalando contra os dentes que o raspam, a saliva escorregando e escalando em seguida a garganta turbulenta. teu corpo dolorido em virtude da rotina de trabalho, desejando deitar-se sobre e calar-se delicadamente sobre o meu, que range nos lençóis, e grita, abafando o som da sua pele. O suor representando as lágrimas de suas curvas cálidas e tensas. O encaixe feroz dos órgãos enlouquecidos, molhados e tesos. Desejo que morde a própria boca pra não sentenciar os olhos escorridos praticamente condenados que novamente estão chorando.
      Ahh saudade, o que fazer? O que fazer? Um dia irei com as mesmas rosas enfeitar o túmulo em que a distancia será sepultada, e no mesmo jardim plantaremos novas rosas, regadas com as mesmas lágrimas e hoje iluminadas com o mesmo sorriso, vigiadas com teus mesmos olhos verdes em furiosa calmaria se assim for de agrado pessoal. Ahh me deixe acrescentar, que a ti permito que regue meu corpo com a mesma saliva, e a mim permito que cultives o tal enorme prazer de que me refiro em certas partes descrevidas, prazer que vagarosamente recebo ao sentir o gosto sagrado, único, quente, úmido doce que se perde em minha boca, o tal tudo que és, que tens, que guardas, que gemes, que escondes, apenas sussurra que deseja matar-me . Ahh me deixe morrer, morrer de prazer, morrer de você. Mate-me, mate-me dentro de mim.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Esperança


Ela voava para o meu agrado interno                                                                       
Suas asas tapavam o sol laranja e poente                                                           
Migrava pelas nuvens desde o inverno                                                                            
Cavando o solo particular do meu ventre             


Pousou cravando os pés nus na terra nobre                                                                      
E se fazia de ouro seus passos secos e pobres                                                                 
Dobrou os joelhos comidos sobre o faminto chão                                                         
Batendo a minha porta com as costas das mãos


Meus olhos escorriam luz, meu beiço rachado tremia                                                           
A pele incolor e gélida sangrava                                                                            
Somente em poucas preces eu a sentia.

Chegado o verão, finalmente com clareza a vi                                                                    
O cálice de fé quente lhe entreguei                                                                                       
Das sagradas asas fez-se um leito, dormi.