sábado, 5 de maio de 2012

Mesma




A vida é toda dela.
O destino e a sorte.
Interesse único e escondido.
Me limito aos muros de teu castelo.

Já fui visitante assídua.
Quase dona de suas províncias.
Mas a Vida veio novamente
e tomou pra si o que era de direito.

Não possuo mais suas trancas.
Nem sei as cores dos tapetes.
Fez-me esquecer de quem era
e deixou-me aqui longe de teu portão.

Foi sozinha,

na tua estrada sem sol.
As estrelas cumprindo somente os teus desejos.
Aqui sou eu, a lua, querendo te ver, olhe!
Mas teus olhos permanecem fechados dentro de ti.

Vai e encontre a lacuna no meio de si,
abra um espaço maior e enche de si,
dê fartura e vaidade no reflexo de si,
entregue o amor no desejo de si,
Mesma.

Enquanto aqui, em teu reino, tudo é seu
O eu e mais nada de mim.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Luz


Condiciono-me a sustentar-te
no brilho, na cor e na voz.
Despertando nas vespertinas
e dormindo nas manhãs.


Cinco faces da mesma vida
Cinco histórias no mesmo dia
Uma alma para admirar
Todos os centros para lhe acalmar.


Vigilante da noite
Branco é o que reluz
Brandos olhos prontos para ti
Ofuscando os astros superiores


Luz, caminhe por dentre vós
Abra os sonhos condenados
na tua chama humana.
Minha estrela de todas as luas.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Enquanto isso



Noite simples, pré-feliz. Acorda coração. Não morre não.

Grama boa, dia bom, sorriso bom.

Você andando enquanto minha pressa se escondia na saliva da minha língua.

Encontrei o desespero tão calmo como criança no colo da mãe.

Enfim, a parte em que senti. Tudo o que representa é a figura do que desejo amar.

Toca a minha pele, chove na terra cinza pra florescer o campo infinito.

Faz a magia sem truques, agonia prazerosa de você.

Meu corpo? Quando os passos começam a entregar a previsão de partida ele se retorce, esquenta e esfria. O sistema emocional funde-se com a minha razão inconsciente, então eu paro. Não é normal doer quando o amor me faz bem, mas por que me causa isso? Me possui e arranca minha imunidade. Em momentos de liquefação as marés e a lua não te superam. Se necessito ainda mais, não posso continuar, se continuo o ser instável cai.

Quebro as lentes da tua alma, tão macias quando tecido europeu.

Não abandono as linhas da costura, construímos assim, de longe mas bem cruzadas. Ponto cruz, ponto cruz. Abraço, laço, abraço, laço, vazio.

Minhas coleções de memorias silenciosas animam-se quando você aparece. Conhecem outras novas, e vão formando uma só.

Com as pontas dos teus dedos atravesso o limite da visão, não necessito abrir os olhos para notar como os teus desenhos são simétricos, as cores tão exuberantes.

Sussurrei e gritei aos ventos que nunca os conseguia sentir porque nunca houvera uma razão notável para que meu rosto e todo meu corpo merecesse uma sensação dessas, mas então a cortina balançou, meus olhos dilataram e os pequenos e finos cordõezinhos dos meus braços se ergueram, sucumbiram ao imenso e grande sopro.

Eis o vento, e o teu tornado.

Eu direi sempre o sim para as causas adoráveis. Eu direi sempre o sim para a sua adorável forma de amar. Não negarei o meu amor, nem se você o negar.

Enquanto a vida cobra os dias e as noites, eu te cobro tudo o que sobra dela. Esteja onde pedi para estar, pois desejo eu mover todo meu coração pra você. E deixe que a vida cobre tudo o que for, eu só desejo dela o que ela mais deseja de mim. Você.