domingo, 18 de dezembro de 2011

Recusa


          Não poder destruir, ver o tempo fluir. Cair e permanecer ali, tomar as cores do chão, mais ninguém pisou nele, e hoje nem você. Um universo com asas, quebradas. Uma história de amor roubada, pelos ventos traiçoeiros que giram invisíveis no passado tão eloquente, e agora, ausente de mim, nem sonhar me aproxima das quedas dos prédios. Tenho vontade de ir até o fim, até o chão mesmo, mas de uma queda proveitosa, não é necessário a visão dos ossos, só quero a alma exposta, não vale mais que uma gota de chuva, logo menos ela desaparece e se torna a única decoração de casa. Sem móveis careiros, somente o cinza de esquina, a flor morta e sem aroma. Os brincos pequenos, cortam-me as orelhas. Tudo que diz, absolutamente tudo, não ouço.
         Nos matei, e sim, dor lenta, berros que também não ouvi. Agora, o senhor das horas, filho de Deuses poderosos, parado e surpreso, num só sopro movi areias que jamais haviam sido movidas. Toquei no extremo orgão de seu espírito. Não há conforto para os vivos, os sábios tão estúpidos que amam. Não há resposta para mim, morri hoje e mal sei quem sou, e no fim do dia não saberei nem da vida, do que se trata e se faz bem, já que os motivos pra se gostar dela estão todos nesse teu ser que está indo, e não pra de ir...

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